Por coisas cá da minha vida, tive um daqueles dias de choro incontrolável, em que nada nos conforta, que a almofada torna-se na nossa melhor amiga, em que o acto de viver significa levantar-me da cama, única e exclusivamente, para abrir a porta ao entregador de sushi - sim, que se é para deprimir ao menos que seja em bom - e enfardar séries como se não houvesse amanhã. E nos minutos que cada episódio demorava a carregar eu lá ia pensando para os meus botões, que isto não podia ser, que estar deprimida nos dias de hoje é coisa chata, que havia duas máquinas de roupa para fazer, que a loiça da ceia da noite anterior ainda estava por lavar, que havia necessidade de ir ao supermercado, e o chão, ai o chão, credo, que precisava tanto de ser aspirado. Abro o chuveiro e sento-me lá a sentir a água a escorrer-me pelo corpo. Uns trinta minutos de desperdício de água, à vontadinha. Há medida que o tempo passa começo a sentir-me melhor, que isto de lavar o corpo parece que nos lava a alma também e começo a aperceber-me que esta mania de estar deprimida era coisa chata mesmo. O meu banho de relaxamento já tinha morto umas dez criancinhas em África de sede. Se eu fosse uma protectora extremista do ambiente não havia cá destas paneleirisses de ficar deprimida. Ora essa.
Sem comentários:
Enviar um comentário